sexta-feira, 18 de abril de 2014

Acorde dissonante

Jeannette Busby Johnson


Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder. Eclesiastes 9:10, NTLH

Sou organista na igreja há muitos anos, não tanto por ter talento, mas pela desesperada necessidade da igreja. Meus filhos costumavam sentar-se no primeiro banco toda semana, não por serem piedosos, como eu esperava a princípio, mas na expectativa do tratamento criativo que eu daria ao hino de abertura. E nas ocasiões em que achavam que eu tentaria uma modulação em tonalidade diferente antes da última estrofe, eles ficavam ansiosos ao considerar o amplo leque de cenários desastrosos que sempre resultavam quando eu tentava isso.

Bem que eu gostaria de tocar uma fuga de Bach como E. Power Biggs e transportar meus ouvintes aos próprios portais do Céu. Infelizmente, não consigo – a logística de manobrar mãos e pés para tocar três melodias diferentes simultaneamente está além da minha capacidade. Mesmo assim, há ocasiões em que quase anseio tocar uma música grandiosa, deixar os acordes soarem de modo estrondoso ao redor dos meus ouvidos e explodirem no coração. Assim, uma vez por ano, em julho, satisfaço esse profundo anseio tocando "The Lost Chord" [O Acorde Perdido] como prelúdio na igreja. A peça chega a ficar devidamente trovejante em alguns trechos e atinge o fundo da minha alma.


Isso não parece incomodar a congregação tanto quanto você poderia imaginar. A essa altura, eles já estão acostumados a muitos dos meus acordes perdidos, e isso acontece faz alguns anos. Mas um ano foi diferente, porque, após minha interpretação anual costumeira, recebi um bilhete de Judye Estes. Ela escreveu: "Toda vez que ouço você tocar 'The Lost Chord', fecho os olhos e me sinto como se estivesse no Tabernáculo Mórmon, ouvindo sua bela música de órgão. Graças a você e a seus talentos, não preciso fazer a longa viagem a Salt Lake City para me sentir abençoada!"


Puxa! Desde os cinco pães e dois peixes, o Senhor não transformou miraculosamente tão pouca coisa em tanto! É claramente um exemplo de como Ele pode tomar seja o que for que Lhe ofereçamos e generosamente traduzir isso em serviço útil.


E no coração de cada filho de Adão, desde aquele dia no Éden, vem pulsando o anelo pelo toque confortante da Divindade. O anelo de saber que o grande Deus do Universo vê as circunstâncias de cada um de nós e Se importa com elas. O anelo de saber que Ele ainda Se inclina e toca os corações. A Divindade tocando a humanidade, incluindo-nos em Seu serviço.


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